Muito já foi falado neste Blog a respeito do poder de mobilização e de convencimento que os meios de comunicação possuem e, nesta postagem, colocamos em questão o surgimento de ídolos instantâneos na música brasileira e seu consequente desaparecimento em mesma rapidez e proporção.
Hoje quando falamos de boa música nas rádios o que vem em mente? Alguns minutos para pensar? Difícil? Qual seria o motivo?
Na verdade, os motivos são diversos para termos que escutar tanto trabalho musical superficial e sem conteúdo. Um dos primeiros é a intervenção das grandes gravadoras nas identidades das bandas, que tende a moldar os novos talentos de acordo com a maré musical do momento, criando um monte de tralhas musicais, um mais do mesmo que chega a dar calo nos ouvidos.
Quer um exemplo? Quantas duplas de sertanejo Universitário já não tiveram seus 3 meses de sucesso, dando lugar a novas e ficando em hiato? É um número a se perder de vista. Em contrapartida, fica muito mais fácil contar quantos bons conjuntos de música popular ou rock têm um espaço considerável nas rádios.
Um outro fato que é importante contestar são as bandas voltadas para o público teen. Não se pode falar nesse assunto sem lembrar do conjunto Restart, que arrebata uma legião de pré-adolescentes ensandecidos pelo país, mas a cada dia que passa, também vai criando mais antipatia nos ouvidos do público de senso crítico mais maduro. O que dá para perceber é que esses jovens músicos, não somente do Restart, mas de outras bandas aditivadas com um apelo estético, têm a mesma atitude de amor incondicional com seus fãs, que parece ser encenada e roteirizada. Ainda sem falar no espaço de mídia que elas adquirem por questões mercadológicas, que as deixam com mais evidência e projeção.
Confira o vídeo feito por Felipe Neto do dia 27 de julho do ano passado, ainda quando as bandas coloridas começavam a tomar conta da tv e do rádio. Ele critica não só o trabalho desses artistas, que na sua concepção não é feito com sinceridade, mas também a atitude cega dos jovens fãs, alimentada pela mídia:
Antes do início do século XXI, para um músico se consolidar, não importando o seu estilo, demandava muito mais tempo de trabalho e aceitação do público. Para que se fosse possível então agrupar um material biográfico, capaz de dar conta de um livro, demoraria mais tempo ainda. Mas atualmente as “grandes estrelas” nem mesmo estão há cinco anos na estrada e já se preocupam em contar sobre sua história. Ora, que história sólida se constrói neste tão curto espaço de tempo? Curioso para ler a biografia de Justin Bieber, ou a do Restart?
Um segundo motivo para a saturação da música atual nas rádios é o próprio consentimento das mesmas, que são veículos que ainda hoje pautam aquilo que é de atração nas outras mídias como a televisão e internet. Os campos e possibilidades para os músicos mostrarem seu trabalho ampliaram-se, de fato, mas ainda na atualidade a porta de entrada para um artista construir sua carreira é o rádio. No entanto a situação fica difícil para aqueles artistas que não seguem os estereótipos do momento, as portas não se abrem com a mesma facilidade. Não importa muito a qualidade da música. O que tem relevância é se o que você faz vende. Essa parece ser a receita do sucesso dos tempos de hoje, tanto para artistas, quanto para rádios e gravadoras.
Quem também critica, desde o final da década de 80, as gravadoras e a atitude de refém das rádios brasileiras é o roqueiro Lobão, que recentemente comentou sobre este assunto na rádio Transamérica de São Paulo:
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